O que é SELIC e o que ela influencia na sua vida?
Se você já ouviu essa sigla – SELIC – em algum lugar pode estar se perguntando: o que é SELIC e por que é que falam tanto dela? SELIC é a sigla de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um programa do Banco Central para liquidação e guarda de títulos de crédito. O sistema não é muito conhecido, mas ele empresta o seu nome a uma taxa e é essa taxa que é famosa. Quem sempre está na boca dos agentes de mercado é a taxa SELIC.
O que é a taxa SELIC?
A taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia. É partindo dela que todas as instituições financeiras vão basear as suas operações. Pode ser a taxa daquele empréstimo que você vai tomar ou o retorno que você vai receber quando investe. Essa taxa ainda se divide em duas, a SELIC Meta e a SELIC Over.
A taxa SELIC Meta é o valor definido pelo Copom (e guarda aí esse nome que já vou falar dele). Existe um valor estipulado para a taxa, porém a gente sabe que teoria e prática nunca são a mesma coisa né? A taxa realmente negociada, portanto a SELIC na prática, é chamada de SELIC Over. Ela é uma média ponderada das negociações com títulos públicos entre instituições financeiras e o governo e geralmente fica 0,10% abaixo da SELIC Meta.
Pra nós, essa variação entre SELIC Meta e Over não vai fazer tanta diferença, então não precisa nem se preocupar com isso.
Meme da pintura
Quem define a taxa SELIC?
A definição da taxa SELIC é feita pelo COPOM, o Comitê de Política Monetária. Esse é um órgão do Banco Central que se reúne 8 vezes por ano, a cada 45 dias aproximadamente. Nessa reunião o Presidente do Bacen e seus diretores analisam e discutem a economia brasileira e mundial para então decidir qual será a taxa SELIC para os próximos 45 dias.
A decisão de manter, baixar ou aumentar a taxa SELIC envolve todo o cenário econômico do país e um dos itens que mais afeta a decisão do COPOM é a inflação, medida pelo IPCA.
A inflação é velha conhecida nossa e podemos sentir no bolso o aumento dos preços. Existem diversos motivos para o aumento da inflação e o principal deles está relacionado ao aumento de dinheiro na economia. Num primeiro momento a gente pode até pensar que isso é bom, mas é preciso analisar se houve também um aumento na produção do país.
Caso a quantidade de dinheiro na economia tenha aumentado muito mais do que a capacidade de produção, a demanda por coisas vai ser maior que a oferta. E aí o que acontece? Os preços aumentam. Esse aumento de preços é medido de forma simplificada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Se o IPCA está comportadinho o COPOM não precisa ficar mexendo na taxa SELIC. Agora, se o IPCA se descontrola e atinge 2 dígitos, como foi no ano de 2021 onde ele chegou a 10,74%, o COPOM tem que adotar medidas drásticas. Isso se traduz em aumento da taxa SELIC.
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Como a SELIC influencia a nossa vida?
Se você já começou a investir e entende um pouquinho sobre o assunto deve saber que quando a SELIC aumenta a taxa de juros que a gente recebe nos nossos investimentos tende a aumentar também. Isso quando se pensa em renda fixa pós-fixada, aquelas que são atreladas a um índice, como por exemplo o CDI ou a própria SELIC. O CDI acompanha bem de perto a taxa SELIC e geralmente fica 0,10% abaixo dela.
E esse aumento de rentabilidade não é bom? É bom em termos relativos. Como a SELIC e o IPCA ficam brincando de gato e rato – quando um sobre o outro sobe e quando um cai o outro geralmente cai também – você vai receber mais pelos seus investimentos, mas a inflação vai comer uma boa parte do seu poder de compra. Mas se a gente for pensar apenas em rendimento é claro que é muito melhor quando as taxas de juros estão altas.
O problema da SELIC alta
Pensando agora na economia com um todo, e não só no nosso casulo, a alta da taxa SELIC pode ser um problemão. Isso porque como a SELIC é a balizadora das outras taxas de juros no mercado os empréstimos também ficarão mais caros e com isso as pessoas vão diminuir o seu consumo.
Os endividados vão diminuir consumo porque ficou mais caro tomar empréstimos. Os poupadores vão diminuir consumo porque a taxa de retorno dos investimentos estará mais alta, incentivando que eles invistam ainda mais.
Isso também afeta a produção econômica do país porque as empresas vão pensar duas, três ou muitas vezes antes de investir o seu dinheiro em expansão dos negócios (com riscos) quando podem simplesmente investir numa Renda Fixa com retorno alto.
As empresas tomadoras de empréstimos também vão ponderar, assim como eu e você, se é vantajoso pegar um empréstimo para financiar um projeto novo agora que tudo está mais caro.
As consequências geralmente são um desaquecimento da economia até que o tal do IPCA comece a baixar e se controlar. Quando isso acontecer o pega-pega recomeça e a SELIC tende a baixar também. O ciclo se repete indefinidamente já que o Brasil ainda é mão-aberta-gastador e continua pressionando a inflação pra cima e tentando baixar na força depois.
Esse assunto não é dos mais fáceis, então se você chegou até o final desse texto parabéns!
E se você não entendeu nada, me conta aqui nos comentários pra que eu possa tentar esclarecer a sua dúvida de alguma outra forma. É compartilhando que a gente aprende.
Um abraço e até logo
Bruna Odppes
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